1 - SUSPIRO
Tá Bom
Já passaram mil coisas
Já voaram mil vidas
Já furtaram do lar e do amor
Tá bom
Tantos cantos nas quinas
Dobrei tantas esquinas
E já me perdoei por ter mais
Que eu mesma
Quando era criança
Tanto a fada madrinha
Quanto nada fizeram sonhar
Me encontro infeliz nova era
Que as tantas quimeras não
fazem calar
2 - Obloco
Quando eu lançar meu bloco
O bloco dos sem medo
Um
bloco happy
Um
bloco crente
Um
bloco black
Um bloco free
Quando eu dançar pro povo
Vou
de bloco de cimento
Eu
vou correndo
Eu
vou dizendo
Esse
bloco é lindo
Demais
Assim
Eu já vejo juntando gente
De
todo tipo
Com
belas vestes
Bailando
leves
Na
madrugada
A manhã
Virá Ver
Obloco
Fora do carnaval
No chão do inverno
E
a lua vai
Ter
um recital
Do
povo contente aos berros na rua
Pra fazer do povo saudade
Esse
bloco canta
Vidas inteiras
E a multidão
Que se afoga
Ao dia
Essa
noite É
Porta
estandarte
Quando ao auge
O
corpo exala
Paixões florais
Pela própria dança
Ninguém se fala
Ninguém se cansa
A Alma É O Pulso Do Bloco
3
- ELA
As paredes do quarto se
abrem prum céu de Pandora
Ela entra divina beleza em
meu coração
Canta, canta
Ele veste uma túnica cor de
lugares sagrados
E segreda em silencio
cansaço pra mais solidão
E canta, canta, canta
Eu não vejo mais meus
músculos de ferro
Penso nela como um raio de
emoção
Paralela a toda feminilidade
E ela canta, canta, canta...
4 - SEMI-VOZ
Eu sonhei
Contigo a noite inteira em
mil dimensões
Caíamos em risos de
alegria sã
Pedia pra você nunca me
abandonar.
Fica em mim
O olho esperançoso que se
abriu, cegou
Na falta das partículas dos
seus quadris
Liguei para o seu sono e ouvi sua semi-voz
Você me faz feliz (2x)
Hey!
Vou viver
Contigo a vida inteira
enquanto o tempo for
O nosso aliado de casal feliz
E sempre amortizar nossas
indiscrições
Devo crer
Na farta consciência do amor
sem fim
Calar na distorção que todo
elo traz
Vangloriar a calma que você
me deu
Você me faz feliz (2x)
Hey!
5 - TROVOA
Minha cabeça trovoa
sob
meu peito te trovo
e me
ajoelho
destino
canções pros teus olhos vermelhos
flores
vermelhas, vênus, bônus
tudo o que me for possível
ou menos
(mais ou menos)
me entrego, me ofereço
reverencio a sua beleza
física também
mas não só, não só
graças
a Deus você existe
acho
que eu teria um troço
se
você dissesse que não tem negócio
te
ergo com as mãos
sorrio
mal
mal sorrio
meus olhos fechados te
acossam
fora de órbita
descabelada
diva
súbita, súbita…
seja
meiga, seja objetiva
seja
faca na manteiga
pressinto
como você chega, ligeira
vasculhando
a minha tralha
bagunçando
a minha cabeça
metralhando na quinquilharia
que carrego comigo
(clipes, grampos, tônicos)
toda a dureza incrível do
meu coração
feita em pedaços…
minha
cabeça trovoa
sob
teu peito eu encontro
a
calmaria e o silêncio
no
portão da tua casa no bairro
famílias
assistem TV
(eu não)
às 8 da noite
eu fumo um Marlboro na rua
como todo mundo e como você
eu sei
quer dizer
eu acho que sei…
eu acho que sei…
vou
sossegado e assobio
e é
porque eu confio
em
teu carinho
mesmo
que ele venha num tapa
e
caminho a pé pelas ruas da Lapa
(logo cedo, vapor…
acredita?)
a fuligem me ofusca
a friagem me cutuca
nascer do sol visto da Vila
Ipojuca
o aço fino da navalha me faz
a barba
o aço frio do metrô
o halo fino da tua presença
sozinha
na padoca em Santa Cecília
no
meio da tarde
soluça,
quer dizer, relembra
batucando
com as unhas coloridas
na
borda de um copo de cerveja
resmunga quando vê
que ganha chicletes de troco
lembrando
que um dia eu falei:
"sabe,
você tá tão chique
meio
freak, anos 70
fique
fica
comigo
se você for embora eu vou
virar mendigo
eu não sirvo pra nada
não vou ser seu amigo
fique
fica comigo…"
Minha
cabeça trovoa
sob
teu manto me entrego
ao
desafio de te dar um beijo
entender
o teu desejo
me
atirar pros teus peitos
meu amor é imenso
maior do que penso
é denso
espessa nuvem de incenso de
perfume intenso
e o simples ato de
cheirar-te
me cheira a arte
me leva a Marte
a qualquer parte
a parte que ativa a química,
química…
Ignora
a mímica
e a
educação física
só
se abastece de mágica
explode
uma garrafa térmica
por
sobre as mesas de fórmica
de um salão de cerâmica
onde soem os cânticos
convicção monogâmica
deslocamento atômico
para um instante único
em que o poema mais lírico
se mostre a coisa mais
lógica
e
se abraçar com força descomunal
até
que os braços queiram arrebentar
toda
a defesa que hoje possa existir
e
por acaso queira nos afastar
esse
momento tão pequeno e gentil
e a beleza que ele pode
abrigar
querida nunca mais se deixe
esquecer
onde nasce e mora todo o
amor
6 - SAKÉDU
(instrumental)
7 - TECNOPAPIRO
Perdão mãe
Se a vida virou um mundo de
botão
Se a tela espia nossa solidão
Se digitei errado pra você
Me dê mãe
Tua caligrafia meia dois
A pauta inteira pra eu saber
depois
Se eu não compartilhar teu
sol num papiro
Analógica você
Cartas num papel de pão
Teu aroma de vinil
Me inspira
Analógica você
Cartas num papel de pão
Teu aroma de vinil
Me inspira
Cadê mãe?
Aquela Barsa que atirou em
mim
O monstro alado da história
sem fim
Um telegrama pro e-mail
errado
Fudeu, né?
Vou te ligar de dentro do
avião
Pra te dizer que o meu velho
pião
Tecnoroda nos meus sonhos
antigos
Analógica você
Cartas num papel de pão
Teu aroma de vinil
Me inspira
Analógica você
Cartas num papel de pão
Teu aroma de vinil
Me inspira
Calei mãe
Já fiz download do teu
coração
Já imprimi teu mapa astral
no meu
8 - HÁ
É o que pede o chão
O meu sapato marrom
Falso couro, sujo
Também natural
Quando há revoada sobre
A ponta da testa passo
Em debandada se apressa
Tão loguinho
No reboliço das horas
De caráter novo
Tudo se perderá
É no firmamento livre
Que o tempo se escora, se
escora
É o que pede o chão
O meu sapato marrom
Falso couro, sujo
Também natural
Quando há revoada sobre
A ponta da testa passo
Em debandada se apressa
Tão loguinho
No revoar da miragem
Toda juventude num movimento
carnal
Cruzará os olhos, bocas e
toda vaidade, e toda vaidade
A engrenagem do pulso
Há estrabismo na terra
Há de haver mais hoje em dia
Pra falta que o ontem faz
É o que pede o chão
O meu sapato marrom
Falso couro, sujo
Também natural
Quando há revoada sobre
A ponta da testa passo
Em debandada se apressa
9 - VAGA
A noite o rito da insônia
A anos-luz da maré
O corpo brinca nas sombras
da luz que vem do luar
A mente vaga, a mente vaga
Procura a vaga na rua
O sonho se estabelece na
prece feita por mim
O gosto cru não me esquece o
peito farto do fim
A mente paga, a mente paga
O flanelinha da lua
Mentir estraga a corte dos
problemas
Da casa, da memória, da visão
Me reconheço aqui, nesse
segundo
Solidão
A noite o rito da insônia
A anos-luz da maré
O corpo brinca nas sombras
da luz que vem do luar
A mente vaga, a mente vaga
Procura a vaga na rua
O sonho se estabelece na
prece feita por mim
O gosto cru não esquece o
peito farto do fim
A mente paga, a mente paga
O flanelinha da lua
Mentir estraga a corte dos
problemas
Da casa, da memória, da visão
Me reconheço aqui, nesse
segundo
Solidão
10 - AQUÁRIA
Dois pontos negros no céu
Focam seus olhos no mar
Prendo o silêncio no peito
Prendo o silêncio com os
olhos
Faço silêncio de mim
Faço silêncio de mim
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